Protestos na Avenida Paulista – Meu Partido é o meu País
Estive ontem (20), junto com cem
mil brasileiros participando das manifestações populares na Avenida Paulista no
centro de São Paulo, onde o movimento de protesto que se espalhou por todo o
Brasil iniciou. O Brasil está sendo sacudido por uma grande onda de
protestos, e a mídia atribui este acontecimento ao aumento da tarifas de
ônibus. Os brasileiros comuns não são tão inócuos ou inocentes como isto pode
sugerir. Embora seja verdade que o aumento das tarifas de ônibus em São Paulo
foi o gatilho para estes protestos, o mesmo foi apenas a gota d’água de uma
situação ainda incalculável. Os brasileiros hoje sofrem com altíssimos impostos
que se desdobram até o seu máximo para atender os custos relacionados aos preparativos
para a Copa das Confederações de futebol, o alto custo de orçamentos para a
construção de estádios. O povo resolveu reagir a todos estes conchavos político
onde todo tipo de acordo é costurado em nome de um pseudo modelo de governança política
do país; a reação é um chega pra lá com neste modelo e uma reafirmação de que
acima de todos os interesses partidários esta o interesse maior pelo Brasil - "Meu
Partido é Meu País"
Governantes corruptos raramente
sofrem qualquer tipo de punição por seus atos ilegais. Até mesmo atos políticos
tramitados em julgado estão abalados diante de novos projetos de lei que são
propostos pra proteger infratores e promover emendas a Constituição para
ocultar governantes corruptos. Estes são mecanismos e manobras jurídicas para
proteger infratores e desestimular o exercício da Promotoria de Justiça de suas
obrigações legais.Os brasileiros comuns, por outro lado, vivem diariamenteenfrentando
situações de infraestrutura de transporte, saúde
e educação precária
e uma corrupção contínua por parte dos agentes do governo. Um país que não
investe seriamente em educação, não pode dizer que respeita sua população e por
tal, seus governantes, tem que ser criticados continuamente - a educação é o
principal agente transformador da sociedade. Se o Brasil finalmente um dia
priorizar educação, e fazer massivos investimentos, tipo 10% do seu PIB, daríamos
em poucas décadas saltos significativos para um novo modelo civilizatório da
nossa população.
Diariamente estes brasileiros
vivem com uma infraestrutura precária e uma corrupção contínua por parte do
governo.
Quando a “Jiripoca começou a piar”
nas ruas do Brasil, houve umamudança ridícula
e radical da imprensa, dos políticos e até da polícia em relação às
manifestações, mesmo que desejável. Agora, as manifestações foram adotadas pela
Globo e pelo resto da imprensa. É para ficar preocupado. É sinal que serão
usadas e interpretadas pela imprensa para os seus objetivos conservadores de
sempre.
O certo é que o povo brasileiro
começa pacificamente mostrar aos governantes que um basta é necessário na forma
que o dinheiro público é usado e distribuído, e para que as instituições voltem
a ter credibilidade. O momento é oportuno, o todos estão nas ruas: idosos,
adultos e jovens. Os mais velhos como se tivessem na luta do “abaixo a
ditadura” da década de 60. Outros mais jovens se sentindo como na década de 70
e inicio dos anos 80 na luta pelas "Diretas Já"; outros mais jovens
como se estivessem no “Fora Collor”. E muitos, a grande maioria, participando
pela primeira vez e conduzindo a sua maneira, grandes manifestações no
Brasil.Tudo isto é uma mistura muito
linda e rica de emoção e de sentimentos por um Brasil melhor; eu estou muito
feliz de poder esta vivendo e vendo tudo isto no coração de uma das regiões
mais tradicional de manifestações políticas do Brasil – a Avenida Paulista.
As manifestações
que estão ocorrendo são grandiosas. É muito importante o direito de protestar.
Então, os ataques gratuitos das polícias aos manifestantes pacíficos são
imperdoáveis. Mas aí, não existe direito ao vandalismo. E omissão da polícia
nesses casos também é condenável. Tenho a impressão de que a polícia tem se
excedido nos dois aspectos: reprime muitas vezes de forma gratuita e não
protege o patrimônio quando deveria fazê-lo. Não encontrou seu equilíbrio,
assim como as manifestações tampouco. Não vi vandalismo ontem na Avenida Paulista,
mas o que vi pela TV em Brasília foi lamentável. Se as manifestações não
conseguem impedir os vândalos que em grupos de 100, 200, 300 atacam o
patrimônio público e privado, de ricos e pobres, não podem reclamar quando vem
o gás e as bombas. As manifestações e passeatas precisam continuar ocorrendo de
forma legitima e democrática e sem violência. O Vandalismo deve ser condenado.
Agora que "o gigante
acordou", é hora de cada um acordar do sonho, até o MPL: O Movimento Passe
Livre (MPL), que organizou os protestos contra o aumento da tarifa do
transporte público em São Paulo, anunciou que não fará novas mobilizações (leia mais aqui). Isto
vai exigir esforços para que o grito de revolta das ruas contra a corrupção, e
a péssima qualidade de vida nas cidades, não se transforme em protestos
violentos e mortes. As passeatas devem continuar de forma pacifica contra os
traidores do povo, da democracia, da cidadania. Abaixo eu destaco a seguintes
causas pelas quais vale apenas continuar com as manifestações populares pelas
ruas do Brasil: 1) Transporte público barato e de qualidade; 2) Reforma política: que acabe com esse regime de
democracia de coalizão e reduza a influência do poder econômico nas eleições; 3) Reforma tributária com sustentabilidade: que dê
racionalidade à arrecadação e ao uso dos impostos; 4) Dobrar o investimento em educação, com elevação dos
salários dos professores, destinando 100% dos royalties do pré-sal à educação; 5) Respeito aos direitos humanos e ao meio ambiente, com
continuidade das demarcações das terras indígenas, a retomada da criação de
unidades de conservação.
Muitas
outras, claro, são importantes para realmente termos um pais mais democrático,
ético e mais igualitário.
Estamos
vivendo uma transição de Eras e uma consequente crise Política - Democracia nas
Sociedades da Informação e do Conhecimento, Um estrangeiro que olhasse de fora para essas multidões
nas ruas do Brasil pensaria que vivemos numa ditadura e que não realizamos a
cada dois anos o maior processo eleitoral do planeta para escolher nossos
representantes. Um papel fundamental para os jovens do Brasil liderando estas
manifestações é indicar possíveis caminhos e alternativas para radicalizar
a democracia, ou seja, democratizar a democracia por meio de novas formas de
participação, utilizando-se, por exemplo, nas novas tecnologias de informação e
comunicação.
Espero
que o Brasil esteja mesmo acordando e que continue acordado até o ano que vem,
quando teremos novas eleições. Só o voto tem o poder de mudar numa democracia plena.
Agora não é só votar tem que cobrar e
exigir. Então, vem pra rua vem!!
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