sexta-feira, 21 de junho de 2013

Protestos na Avenida Paulista – Meu Partido é o meu País

Estive ontem (20), junto com cem mil brasileiros participando das manifestações populares na Avenida Paulista no centro de São Paulo, onde o movimento de protesto que se espalhou por todo o Brasil iniciou. O Brasil está sendo sacudido por uma grande onda de protestos, e a mídia atribui este acontecimento ao aumento da tarifas de ônibus. Os brasileiros comuns não são tão inócuos ou inocentes como isto pode sugerir. Embora seja verdade que o aumento das tarifas de ônibus em São Paulo foi o gatilho para estes protestos, o mesmo foi apenas a gota d’água de uma situação ainda incalculável. Os brasileiros hoje sofrem com altíssimos impostos que se desdobram até o seu máximo para atender os custos relacionados aos preparativos para a Copa das Confederações de futebol, o alto custo de orçamentos para a construção de estádios. O povo resolveu reagir a todos estes conchavos político onde todo tipo de acordo é costurado em nome de um pseudo modelo de governança política do país; a reação é um chega pra lá com neste modelo e uma reafirmação de que acima de todos os interesses partidários esta o interesse maior pelo Brasil - "Meu Partido é Meu País"



Governantes corruptos raramente sofrem qualquer tipo de punição por seus atos ilegais. Até mesmo atos políticos tramitados em julgado estão abalados diante de novos projetos de lei que são propostos pra proteger infratores e promover emendas a Constituição para ocultar governantes corruptos. Estes são mecanismos e manobras jurídicas para proteger infratores e desestimular o exercício da Promotoria de Justiça de suas obrigações legais.  Os brasileiros comuns, por outro lado, vivem diariamente enfrentando situações de  infraestrutura de transporte, saúde e educação precária e uma corrupção contínua por parte dos agentes do governo. Um país que não investe seriamente em educação, não pode dizer que respeita sua população e por tal, seus governantes, tem que ser criticados continuamente - a educação é o principal agente transformador da sociedade. Se o Brasil finalmente um dia priorizar educação, e fazer massivos investimentos, tipo 10% do seu PIB, daríamos em poucas décadas saltos significativos para um novo modelo civilizatório da nossa população.



Diariamente estes brasileiros vivem com uma infraestrutura precária e uma corrupção contínua por parte do governo.

Quando a “Jiripoca começou a piar” nas ruas do Brasil, houve uma  mudança ridícula e radical da imprensa, dos políticos e até da polícia em relação às manifestações, mesmo que desejável. Agora, as manifestações foram adotadas pela Globo e pelo resto da imprensa. É para ficar preocupado. É sinal que serão usadas e interpretadas pela imprensa para os seus objetivos conservadores de sempre.


O certo é que o povo brasileiro começa pacificamente mostrar aos governantes que um basta é necessário na forma que o dinheiro público é usado e distribuído, e para que as instituições voltem a ter credibilidade. O momento é oportuno, o todos estão nas ruas: idosos, adultos e jovens. Os mais velhos como se tivessem na luta do “abaixo a ditadura” da década de 60. Outros mais jovens se sentindo como na década de 70 e inicio dos anos 80 na luta pelas "Diretas Já"; outros mais jovens como se estivessem no “Fora Collor”. E muitos, a grande maioria, participando pela primeira vez e conduzindo a sua maneira, grandes manifestações no Brasil.  Tudo isto é uma mistura muito linda e rica de emoção e de sentimentos por um Brasil melhor; eu estou muito feliz de poder esta vivendo e vendo tudo isto no coração de uma das regiões mais tradicional de manifestações políticas do Brasil – a Avenida Paulista.



As manifestações que estão ocorrendo são grandiosas. É muito importante o direito de protestar. Então, os ataques gratuitos das polícias aos manifestantes pacíficos são imperdoáveis. Mas aí, não existe direito ao vandalismo. E omissão da polícia nesses casos também é condenável. Tenho a impressão de que a polícia tem se excedido nos dois aspectos: reprime muitas vezes de forma gratuita e não protege o patrimônio quando deveria fazê-lo. Não encontrou seu equilíbrio, assim como as manifestações tampouco. Não vi vandalismo ontem na Avenida Paulista, mas o que vi pela TV em Brasília foi lamentável. Se as manifestações não conseguem impedir os vândalos que em grupos de 100, 200, 300 atacam o patrimônio público e privado, de ricos e pobres, não podem reclamar quando vem o gás e as bombas. As manifestações e passeatas precisam continuar ocorrendo de forma legitima e democrática e sem violência. O Vandalismo deve ser condenado.


Agora que "o gigante acordou", é hora de cada um acordar do sonho, até o MPL: O Movimento Passe Livre (MPL), que organizou os protestos contra o aumento da tarifa do transporte público em São Paulo, anunciou que não fará novas mobilizações (leia mais aqui). Isto vai exigir esforços para que o grito de revolta das ruas contra a corrupção, e a péssima qualidade de vida nas cidades, não se transforme em protestos violentos e mortes. As passeatas devem continuar de forma pacifica contra os traidores do povo, da democracia, da cidadania. Abaixo eu destaco a seguintes causas pelas quais vale apenas continuar com as manifestações populares pelas ruas do Brasil:      
1) Transporte público barato e de qualidade;
2) Reforma política: que acabe com esse regime de democracia de coalizão e reduza a influência do poder econômico nas eleições;
3) Reforma tributária com sustentabilidade: que dê racionalidade à arrecadação e ao uso dos impostos;
4) Dobrar o investimento em educação, com elevação dos salários dos professores, destinando 100% dos royalties do pré-sal à educação;
5) Respeito aos direitos humanos e ao meio ambiente, com continuidade das demarcações das terras indígenas, a retomada da criação de unidades de conservação.


Muitas outras, claro, são importantes para realmente termos um pais mais democrático, ético e mais igualitário.



Estamos vivendo uma transição de Eras e uma consequente crise Política - Democracia nas Sociedades da Informação e do Conhecimento, Um estrangeiro que olhasse de fora para essas multidões nas ruas do Brasil pensaria que vivemos numa ditadura e que não realizamos a cada dois anos o maior processo eleitoral do planeta para escolher nossos representantes. Um papel fundamental para os jovens do Brasil liderando estas manifestações é indicar possíveis caminhos e alternativas para radicalizar a democracia, ou seja, democratizar a democracia por meio de novas formas de participação, utilizando-se, por exemplo, nas novas tecnologias de informação e comunicação.



Espero que o Brasil esteja mesmo acordando e que continue acordado até o ano que vem, quando teremos novas eleições. Só o voto  tem o poder de mudar numa democracia plena. Agora não é só votar tem que cobrar  e exigir. Então, vem pra rua vem!!

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